27 maio 2011

Bobagens internéticas


O Joseph Carl Robnet Licklider, que não tinha mais nada de importante para fazer no MIT, concluiu que seria possível estabelecer um sistema mundial de comunicação instantânea. Isso nos idos de 60. Estava criada a Internet. Verdade que o patriota aí de cima via no tal sistema um remédio para evitar a comunização dos States. Tanto que vendeu a idéia a ninguém menos do que o Pentágono. Como o comunismo saiu de moda, eis-nos vítimas dos usuários da Internet. Tudo culpa do J.C. Falo do homem do MIT evidentemente. E tome esse festival de besteiras que nos caem na rede diariamente. Há quem nos envie cinco ou seis mensagens no mesmo dia, fórmula excelente para que o destinatário, sendo eu, apague todas sem abrir nenhuma. 


Em um desses informativos internéticos aprendi umas tantas coisas bem interessantes, o que serviu para mostrar o tamanho de minha ignorância. Faça o teste você também e veja se sua cultura geral já lhe havia permitido saber que:
01 - O nome completo do Pato Donald é Donald Fauntleroy Duck.
02 - Em 1997, as linhas aéreas americanas economizaram US$ 40,000.00 eliminando uma azeitona de cada salada.
03 - Uma girafa pode limpar suas próprias orelhas com a língua.
04 - Milhões de árvores no mundo são plantadas acidentalmente por esquilos que enterram nozes e depois não se lembram de onde as esconderam.
05 - Comer uma maçã é mais eficiente que tomar café para se manter acordado.
06 - As formigas espreguiçam-se pela manhã, quando acordam.
07 - As escovas de dente azuis são mais usadas que as vermelhas.
08 - O porco é o único animal que se queima com o sol, além do ser humano.
09 - Ninguém consegue lamber o próprio cotovelo.
10 - Só um alimento não se deteriora: o mel.
11 - Os golfinhos dormem com um olho aberto.
12 - Um terço de todo o sorvete vendido no mundo é de baunilha.
13 - As unhas da mão crescem aproximadamente quatro vezes mais rápido que as unhas do pé.
14 – Quem tem o olho maior do que seu cérebro não é a mulher, mas o avestruz.
15 - Os destros vivem, em média, nove anos mais do que os canhotos.
16 - O "quack" de um pato não produz eco, e ninguém sabe por quê.
17 - O músculo mais potente do corpo humano é a língua.
18 - É impossível espirrar com os olhos abertos.
19 - O "j" é a única letra que não aparece na tabela periódica dos livros de química.
20 - Os chimpanzés e os golfinhos são os únicos animais capazes de se reconhecer na frente de um espelho.
Pronto. Graças ao J.C. e ao Pentágono, você agora está mais culto do que estava há meia hora.
Acha pouco? Outro desocupado me enviou uma série de “Perguntas irrespondíveis”, das quais destaco estas que partilho com meus leitores:

  1. Por que os jogadores de tênis pedem desculpa quando a bola, antes de bater por duas vezes na quadra adversária, toca na rede?
  2. Por que os filmes de batalhas espaciais têm explosões tão barulhentas, se o som não se propaga no vácuo?
  3. Se depois do banho estamos limpos, por que lavamos a toalha apenas molhada?
  4. Por que as luas dos outros planetas têm nome, mas a nossa se chama apenas Lua?
  5. Quando inventaram o relógio, como sabiam que horas eram, para poder acertá-lo?  
  6. Se "É Proibido Pisar na Grama", como diz a placa, como aquela placa foi colocada no meio do gramado sem que ele fosse pisado?
  7. Se todos os espectadores de uma partida de futebol estão a ver nas costas dele e no calção o número do jogador que entrará em campo, por que o seu número aparece na placa que é erguida, juntamente com a do jogador que será por ele substituído?
Estas são mais fáceis de responder:
a) Qual era a cor do cavalo branco de Napoleão?
b) De que morreu Martin Luther King?
c) Qual o nome do filho do Barack Obama?


Aguardo as respostas. Quer apostar que você não vai acertar todas?

17 maio 2011

A lei da vida


O Joseph Campbell dizia que a vida alimenta-se da vida. De certa forma, foi ele quem me inspirou esta pensata, digo desde logo. Em livro recente, falo da diferença entre agressividade e violência. “Mesmo não nos empolgando uma visão excessivamente fisiológica das reações humanas, é certo que, da mesma forma como a planta arrostará todos os obstáculos, até o limite, para sobreviver, assim também os animais criarão coragem extrema quando se trata de zelar pela prole, maior ainda do que ao cuidar da própria manutenção, pois a perpetuação da espécie é mais importante do que a manutenção da vida de um simples exemplar. Nessas situações alguns autores vêm a presença de uma força que se poderia chamar de agressividade. Sob tal ótica, o peixe maior que come os gerinos, a garça que come o peixe ou a onça que come a garça não estão sendo violentos, mas apenas agressivos, no sentido de que destroem para sobreviver. E, sobrevivendo, mantêm a espécie. Essa pulsão vital é, pois, absolutamente natural, tanto quanto o medo, que faz o animal mais fraco fugir, prudentemente, do animal mais forte, a menos que se trate de um animal racional, quando o medo de parecer covarde tem levado muitos deles, por imprudência, à morte ou ao crime. Já o homem, que mata aquela onça pelo simples prazer de caçar, não está sendo agressivo, mas violento. Enquanto a agressividade deve ser considerada construtiva, pois se refere à manutenção da vida, a violência é negativa, pois se relaciona à destrutividade, algo específico do ser humano."

A opção por essas denominações (agressividade lá, violência aqui) pode desagradar os leitores, tendo-as por arbitrárias, pois talvez prefiram que se fale em “pulsões”. Mas, ao menos para os efeitos restritos de minha pensata, eu gostaria de mantê-las, para que eu possa melhor expor meu pensamento.

O ser humano apresenta inúmeras condutas nas quais se pode ver a presença da agressividade, especialmente em uma sociedade altamente competitiva como a que conhecemos hoje. No campo dos esportes - eles mesmos uma sublimação cultural de tendências primitivas - essa presença é marcante. Tais atividades lidam com uma tendência absolutamente natural: a agressividade humana.

Saio do livro para falar de uma situação concreta. Eu estava numa chácara, onde havia um pasto com animais, à beira de um rio. Eu passeava por ali quando vi uma vaca parir um bezerrinho, experiência rara para alguém que se criou na cidade. Logo que nascido, o bezerro foi lambido pela mãe, uma conhecida forma de batismo, pois estabelece a relação mãe/filho. Embevecido com a cena quase não percebi que acima de minha cabeça um bando de urubus descrevia uma dança soturna, girando em círculo. O centro do círculo correspondia ao local onde estavam mãe e filha. Eu havia aprendido com o João do Vale que aquilo não iria terminar bem.

Não deu outra. Meia dúzia de urubus aterrissou e eles fizeram um círculo em torno da vaca e seu recém-nascido filho. A estratégia era simples: enquanto a vaca investia contra um dos urubus, os demais apertavam o círculo. Num descuido da vaca um deles recolheria o burrego. Muni-me de uma vara e tomei o partido da vaca, tentando espantar os urubus do lado de cá, enquanto ela avançava do lado de lá. É claro que a vaca me tomou por mais um inimigo e, a todo galope investia também contra mim, que tinha de desviar-me dela e correr para espantar os urubus do lado oposto. Antes que eu e a vaca nos esgotássemos, berrei e mandei um garoto que por lá apareceu buscar o dono das reses, vizinho da chácara onde eu estava hospedado. Ele trouxe dois empregados, puseram mãe e filho na camioneta e concluí que minha boa ação não foi em vão.

Eis um eloqüente exemplo de agressividade.

Algum tempo depois, o tal vizinho despediu um daqueles empregados que, com ele, haviam evitado que a agressividade animal levasse à morte, antes do tempo, o tal bezerro. Quando do acerto de contas, o fazendeiro e o empregado discutiram, passando às vias de fato. Inferiorizado na luta, o empregado apoderou-se de um martelo e desferiu com ele um golpe fatal na cabeça do ex-patrão cujo sobrenome, ironia das ironias, era Martelo.

Eis um eloqüente exemplo de violência.