Minha casa é de remendos,
são tremendos seus galpões,
tão incômodos seus sóis,
suas luas giram lentas.
Minha casa sem paredes,
verdes campos que se espraiam;
onde há flores, não há frutos;
onde a gente aí tem paz.
Minha casa abandonada
e desleixada ao relento.
Quem visita ali não fica:
vai e deixa seus segredos.
Dormitório da saudade,
canta o vento umas berceuses
pra ninar quem não desperta.
Meu amigo Ignácio Velez, venezuelano, assim transportou o poema para sua língua:
Mi casita
Es mi casa de remiendos
tan tremendos sus galpones,
tan incómodos sus soles
tan incómodos sus soles
pues sus lunas giran lentas.
Es mi casa sin paredes,
verdes campos se desplayan;
donde hay flores y no frutos,
y la gente tiene paz.
Está ella abandonada
Está ella abandonada
y así quedada al relente;
quién visita allí no queda:
quién visita allí no queda:
sale y deja sus secretos.
Dormitorio de nostalgias,
canta el viento unas berceuses
Dormitorio de nostalgias,
canta el viento unas berceuses
pa’ arrullar a quién ya duerme.
Acho que o poema até ficou mais bonito.
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