“Ao pedir-vos, desta
vez, que me enviassem quadras populares, pensei que, por ser Agosto, poucos
iriam participar. Enganei-me redondamente. Apesar da época estival, os
entusiastas etéreos pegaram nas canetas (ou teclados) e puxaram pela
inspiração. Conforme o prometido, aqui ficam todas as quadras que chegaram ao porosidade etérea até ao dia 31 de
Agosto (quase 100). Nem todas são quadras, vieram também quintilhas e
sextilhas. Mas aí estão todas para vosso deleite (dos que participaram e dos
que apenas visitam este espaço). Há quadras para todos os gostos: de amor, de
desamor, de maldizer, de crítica social. A elevada (e entusiasta) participação
neste desafio levaram a que fizesse uma ligeira alteração ao que inicialmente
prometi (escolher 3 quadras para três categorias), pelo que todos os
participantes terão pelo menos uma quadra vencedora e gravada em audio pelo
locutor Luís Gaspar. Obrigada a todos, divirtam-se tanto quanto eu a lê-las (e
o Luís Gaspar, no estúdio, a gravá-las) e até ao próximo desafio.”
Quem diz isso? É ninguém
mais ninguém menos do que a amiga Inês Ramos, uma
bela lusitana, entusiasta da literatura portuguesa, que, periodicamente,
concita seus inúmeros leitores a participarem de algum certame. Desta vez, como
disse a Inês, havia que ser quadras. Aí vão aquelas que ela considerou as
melhores, decisão que poderá ser contestada por quem se disponha a ler a
centena de colaborações enviadas, dado o óbvio subjetivismo que preside uma tal
escolha.
As
vencedoras, ao ver da Inês, são estas quadras, divididas em categorias:
Categoria: Amor
O adeus do teu sorriso
é a luz a que me aqueço:
no teu corpo me eternizo
quando do meu me despeço.
(Fernando Pinto Ribeiro)
Categoria: Desamor
O mal de amores não tem cura,
nem a tua ingratidão
Eu dou-te a minha ternura,
tu partes-me o coração.
(Myriam Jubilot de Carvalho)
Categoria: Escárnio e Maldizer
De branquinhos a vermelhões,
fruto de grandes escaldões.
Em vez de levarem os cremes,
apostaram nos garrafões.
E um copinho... Bebes?
Categoria: Escárnio e Maldizer
De branquinhos a vermelhões,
fruto de grandes escaldões.
Em vez de levarem os cremes,
apostaram nos garrafões.
E um copinho... Bebes?
(Sérgio Figueiredo)
Categoria: Crítica social
Onde tudo gira a esmo,
Com injustiças aos picos,
Os pobres, são pobres mesmo
Enchendo a pança dos ricos!...
Categoria: Crítica social
Onde tudo gira a esmo,
Com injustiças aos picos,
Os pobres, são pobres mesmo
Enchendo a pança dos ricos!...
(Fernando Santos)
Vai-se da escola à política
E do direito a juiz;
Há quem nasça a fazer crítica
Sem perceber o que diz.
Vai-se da escola à política
E do direito a juiz;
Há quem nasça a fazer crítica
Sem perceber o que diz.
(Julião Bernardes)
Está na moda ser ladrão.
O que é muito natural…
Se o curso da formação
é bem pago em Portugal…
Está na moda ser ladrão.
O que é muito natural…
Se o curso da formação
é bem pago em Portugal…
(Teresa Gonçalves)
A besta reaccionária
Está à Esquerda, e à Direita:
É, na essência, ordinária
Sob aparência escorreita.
(Myriam Jubilot de Carvalho)
Categoria: Lisboa
Esta Lisboa sem fundo
ouve agora línguas outras
é cidade com mais Mundo
é moça com muitas roupas
A besta reaccionária
Está à Esquerda, e à Direita:
É, na essência, ordinária
Sob aparência escorreita.
(Myriam Jubilot de Carvalho)
Categoria: Lisboa
Esta Lisboa sem fundo
ouve agora línguas outras
é cidade com mais Mundo
é moça com muitas roupas
(Eusébio Tomé)
Categoria: Saudade
Vejo a lua, face bela,
Que te espelha, meu amor.
Tu, lá longe, tão distante…
Olha a lua, por favor!
Categoria: Saudade
Vejo a lua, face bela,
Que te espelha, meu amor.
Tu, lá longe, tão distante…
Olha a lua, por favor!
(Ilona Bastos)
A esperança é do tamanho
De uma caixa de correio
– Nasce todas as manhãs
Com a carta que não veio
A esperança é do tamanho
De uma caixa de correio
– Nasce todas as manhãs
Com a carta que não veio
(Myriam Jubilot de Carvalho)
Categoria: Sabedoria popular
Cada um sabe de si
Mais que outro de si sabe
Não invente ou adivinhe
Um saber que não lhe cabe
Categoria: Sabedoria popular
Cada um sabe de si
Mais que outro de si sabe
Não invente ou adivinhe
Um saber que não lhe cabe
(Helena Domingues)
Dou-vos de mim quanto posso
Mas de mim tudo não dou
Pois se eu todo for só vosso
Não serei mais quem eu sou
Dou-vos de mim quanto posso
Mas de mim tudo não dou
Pois se eu todo for só vosso
Não serei mais quem eu sou
Categoria: Humor
Esse teu olhar furtivo
- bandoleiro atocaiado -
fez de mim um morto-vivo:
inda em pé, mas fulminado.
Esse teu olhar furtivo
- bandoleiro atocaiado -
fez de mim um morto-vivo:
inda em pé, mas fulminado.
(Adauto Suannes)
O sol queima,
o amor é louco.
Braz & Braz
e Paga-Pouco
O sol queima,
o amor é louco.
Braz & Braz
e Paga-Pouco
(Myriam Jubilot de Carvalho)
Para vencer na vida,
hermão,
perde-se a Vida
e o coração
Para vencer na vida,
hermão,
perde-se a Vida
e o coração
Humor, dona Inês?
... inda em pé, mas fulminado,
ResponderExcluirum verso cheio de entrega,
vem Drumond também Vinicius,
pra rimar no meu costado.