19 agosto 2009

Dez alentos

Meu amigo, vô contá:
sô tão véio que nem ligo.
Naquele tempo de lá -
isso eu falo pro amigo -
Lenine não serestava.
Diz que era guerilhero:
os povo ele agitava
sem viola nem pandêro.
Aí veio o tar Girberto
pra dirigi a curtura
- um cabra munto do esperto
foi preso na ditadura -
e deu no que deu, seu Zé:
só viola e cantoria.
Caetano falava grosso,
enfrentando os militar,
censura em riba do moço,
foi pra Londres descansar.
Veio inté um tar Lenine,
pra aumentá a cantoria,
tomara não desafine.
Valei-me Santa Maria!
Cadê a revolução
pra combatê a robalhera?
Onde botá o paredão
pra pô fim na bandalhera?
Num inxiste, meu amigo.
É avião que num voa,
inté parece castigo.
É gente mais di qui atoa:
fais gesto que nem te digo.
É Presidente blindado,
é ministro que num manda,
quar maestro deslocado
tocando frauta na banda.
É castelo no sertão,
que nem paga IPTU,
pois sendo a muié prefeita,
ele trata ela de “tu”.
Inté o Chico, coitado,
que pediu “diretas-já!”
que era todo animado
falano de carnavá,
parece que largô tudo,
nem música mais compõe.
Parece que ficô mudo.
É coisa que se supõe,
de tanto que anda calado.
Cara de desinfeliz,
declarou-se auto-exilado
e foi-se embora pra Paris.

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