01 julho 2012

Cinema

            O mais recente filme do Woody Allen mostra que ele está atualmente mais para turista do que para cineasta. São quatro historietas que se passam em Roma, como poderiam passar em Lisboa ou em Oslo. Não há entre elas vínculo nenhum, ao contrário do que seria lícito esperar. Além disso, o desfecho delas é pífio.
           O caso do cantor de chuveiro é o mais original, mas seu final happy end não faz o menor sentido. Como os cantores de ópera costumam, no fim da apresentação, vir até o limite do palco agradecer, de mãos dadas, os aplausos, porque não colocar o cantor, vestido só de toalha, dando as mãos aos colegas e agradecendo, momento em que cai a toalha e ele fica nu? Acrescente-se a isso um ou dois espirros.
O tristonho personagem do Alec Baldwin, uma espécie de grilo falante que já apareceu em outros filmes do mesmo diretor, que faz ali? Com ele ou sem ele as coisas ocorreriam como ele previu. Logo, onde está a graça?
A gozação aos paparazzi não rende tudo o que poderia render, com um final lamentável. Por que não colocar o personagem de óculos escuros, como fazem os “famosos”, e, mesmo assim, ser “reconhecido” pela fã que, entretanto, se decepciona ao ver o nome, que não lhe diz nada, no autógrafo.
A caipirinha de Pordenone (onde, aliás, nasceu minha mãe) acaba encontrando o hotel. Como? Não interessa. É segredo do diretor. Um final mais compatível com o episódio seria ela chegar com um vestido sensual, dizendo as mesmas palavras que a Penélope Cruz havia dito quando entrou no apartamento. Aliás, com tanta italiana peituda à disposição, colocar a Penélope Cruz por que? Sua personagem está mais para uma executiva do que para uma garota de programa.
Para encerrar: não havia outro modo de finalizar o filme sem apelar para um discurso que mais parece mensagem do Ministério de Turismo da Itália?
Enfim, ou recarregam a bateria do velhinho ou, quando ele fizer o tal filme passado no Rio de Janeiro, o fundo musical terá rumbas e tangos.
Quer apostar?

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