05 junho 2009

Epístola cibernética

Meu prezado amigo.
Hoje venci a preguiça e tomei da pena para escrever-te, tal como se fazia outrora, quando as facilidades da Internet não nos sonegavam esse prazer epistolar. Nestas mal traçadas linhas mostro-me algo saudosista, reflexo talvez do veículo escolhido para esta breve prestação de contas, démodé a mais não poder, como diria teu pai. Espero que mais uma vez me compreendas e me releves este anacronismo, até porque tenho notórias dificuldades em adaptar-me a esses novos tempos.
Quando nos conhecemos, já lá vai um par de anos, eu deixei claros os meus propósitos. Se não te lembras, refresca a tua memória. Depois disso, fui passar um tempo fora do país, não sei se te lembras, e entendi que a liberdade poética me autorizaria a inventar pretextos, como certamente faria o Machado. Sabias disso?
É claro que não havia ali congresso algum. Inventei-o para impressionar os amigos. Antes o fazíamos enviando cartões postais, com a mensagem implícita :"Eu aqui gozando a vida e você aí a estafar-se". Agora valemo-nos dos recursos da Internet. É o progresso, como dizem os mais jovens.
O fato é que a distância nos faz dar valor a pessoas às quais os afazeres diários nem sempre nos permitem expressar o nosso amor. Tomei então emprestado ao Vinicius umas reflexões e dei-lhes um colorido pessoal.
Como me saí ?
Aproveitei o isolamento escandinavo para umas considerações sobre o sentido da vida, o que sempre vai bem, especialmente nestes dias de tumulto globalizado. Não sei se te mostrei. Um tanto blasé,talvez, mas sempre há os amigos para incentivar-nos. Como sempre eu digo, tendo amigos não precisamos ter qualidades; para os inimigos, de que adianta tê-las? Generoso o homem, não?
Para encerrar, quero matar-te de inveja. Sou, como tu, fã incondicional do Fernando "várias" Pessoas, que até já homenageei num poema que não me lembro de te haver mostrado. Pois saiba que em Portugal comemoraram-se os 120 anos de nascimento do gajo em grande estilo. Até fado feito de um poema dele nos apresentaram! Pode? E a voz e interpretação da Mariza nada devem à eterna Amália Rodrigues, pá. Sabendo como sou chorão, não preciso dizer-te quão emocionante aquilo me foi. Quem me mostrou foi a poetisa Inês Ramos, que precisas de conhecer.
Despeço-me, que o tempo ruge, como sempre dizes.
Até breve.

Um comentário:

  1. Acabei de ler CHAME O LADRÃO! CHAME O LADRÃO!

    Tenho uma coisa a dizer: Somos MUITO parecidos!

    Gostaria de colocar um link para o seu blog no meu blog. Posso?


    o meu blog é
    www.nandogouveia,blogspot.com

    Aguardo notícias

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