17 agosto 2012

Uma cantora liberta


Quando nasceu meu filho, a mãe queria que ele levasse meu nome. Não concordei, pois sei bem o peso que isso traz ao filho. Imagine um Ruy Barbosa Júnior cometendo um erro de português. O comentário não seria outro: “Logo você, filho de quem é?” O ódio pelo pai seria inevitável. Luis Fernando Veríssimo demorou muito a decidir-se pela literatura, pois a comparação com o pai, Érico Veríssimo, seria inevitável. Talvez por isso tenha preferido um estilo bem diverso para sua escrita. O mesmo deve ocorrer com o filho de alguém julgado pela “opinião pública” como criminoso. Como será o ambiente que ele deve enfrentar na escola? Tendo apenas o sobrenome comum sempre fica a dúvida quanto ao parentesco. Como disse um estudante de direito, filho de uma importante jurista, ao ser indagado se era filho dela: “Conheço essa senhora de vista.”

Maria Rita refletiu muito até resolver ser cantora, pois a comparação com sua mãe, que muitos consideram a maior cantora brasileira de todos os tempos, seria inevitável. Preferiu um estilo mais leve, o que a tornou semelhante a tantas outras que surgem no cenário artístico brasileiro.

Eis que, a pretexto de comemorar o aniversário da morte da mãe, ela se dispõe a relembrar os maiores sucessos da Ellis Regina. E o resultado foi a liberação de uma voz magnífica, que, certamente, nada deve ao timbre e ao alcance da voz da mãe.

Aquilo que era uma sombra, parecendo um peso em suas costas, transformou-se em um aliado, que permite supor novos tempos para a cantora.

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